sábado, 17 de novembro de 2018

XVII


E nada do que nada consiste
Das sombras ignoradas ao sol posto,
Bateu-me no rosto o dedo em riste
Dum tedioso dia de desgosto.

As memórias lançadas nos ermos
Imagens projetadas num deserto,
Pergunto se sou eu os mesmos
Nesses cadáveres que desperto?

E sob o azul de um céu vaidoso
De assíduas nuvens marginais,
Minh'alma dum ego vagaroso
Levita entre sonhos espectrais.

(André Bianc)

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