segunda-feira, 19 de março de 2018

Asfixia


Eis aqui um poema romântico!
Exatamente como você me pediu,
Parido de um mal estar semântico
Das tolices que esse amor proferiu.

E nesse carrossel de rasas retóricas
Faz-se um escarcéu de meias vontades,
A luz da dinâmica das volúpias inglórias
Faíscas reluzem das nossas vaidades.

Assim, antes que tarde eu escrevo
Com a minha língua áspera no seu relevo
Esse poema com tamanha contradição.

E virando-te de lado ou de bruços
Com o travesseiro calo o seus soluços
Sufocando o que quer a sua razão.

(André Bianc)

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